– Qual tarefa para casa temos hoje, Léo? Perguntei enquanto tirava os livros da bolsa.
– A professora me disse que era ditado.
– Ótimo, vamos ver.
Abri o caderno e o livro, encontrei a lição e comecei:
– Vamos lá então, primeira palavra: “criança”.
Ele começou a escrever, parou e me olhou:
– Com “S”, né?
– Não Léo, com cê-cedilha.
– Mas tem som de “S”, por que é cê-cedilha?
– Boa pergunta. Próxima palavra, “pêssego”.
Ele foi soletrando enquanto escrevia: “pesego”.
– É “SS” filhão.
– Qual a diferença?
– Se colocar apenas um “S” entre duas vogais fica som de “Z”.
– Mas aí é só usar “Z” quando for o caso.
–Concordo. Mas é assim a regra. Próxima: “base”.
Fiquei olhando, ele escreveu “baze”.
– É com “S”, querido.
– Mas tem som de “Z”!
– Sim, mas “S” entre duas vogais tem som de “Z”. Lembra que acabei de dizer? Agora escreve a próxima aí: “vazio”.
Ele escreveu “vasio”.
–Essa é com “Z”…
– Mas está entre duas vogais.
– Então, acho que essa regra não vale mais, esquece. Próxima palavra: “exame”.
– Agora estou em dúvida, porque tem som de “Z”, está entre duas vogais, mas agora não sei se é com “S” ou “Z”.
– É com “X”!
– Sério?
– Sim, filho.
– Porque não utilizam o “S” e o “Z”?
Boa pergunta, já estamos acabando, vamos lá: “excelente”.
Antes que ele escrevesse errado, já adiantei:
– É “xc”!
– Mas tem som de “S”…
– Pois é!
– Desisto!
– Ainda tem a última palavra, Léo.
– Não faz sentido, papai. É só usar “S” quando tem som de “S”, “Z” quando tem som de “Z” e “X” quando tem som de “X”. Por que eles colocam um para fazer o som do outro?
– Boa pergunta.
Ele respirou fundo: – Qual é a última palavra?
– Chapéu.
– Com “X”, né?
– Não, “ch”…
– Mas tem som de “X”, papai, por que não usa o “X”?
– Boa pergunta filho, boa pergunta…